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Entre tapetes vermelhos e alambrados...


A moral é aquele tapinha nas costas que agrada mas deixa uma lacuna para uma futura traição. Ou, o tapete vermelho, estendido ao luxo extremo, esticado tão bem sem nenhuma dobra, que esconde a sujeira sob sua superfície “perfeita”. E, falando em tapete, o da moral pode ser puxado a qualquer momento, através do subterfúgio de uma nova necessidade aparente.


A ética é um aperto de mão, selado por duas pessoas que entendem que o bem comum é o maior patrimônio que a humanidade pode fomentar. É fazer o certo por ser o certo a se fazer, mesmo que os demais estejam fazendo o contrário; ou ainda, é satisfazer-se pelo correto, por saber que é a única coisa aceitável ao coletivo.


Enquanto a moral precisa dos holofotes para se manter inserida e aceitar a si própria; a ética age publicamente motivada pela justiça social e não para alimentar seu ego ou sua imagem, as aparências são – quando há preocupação com ela – pensadas em última instância. A moral é estética, enquanto a ética é essência.


Se a moral se nutre da piscadela furtiva ou de uma pisada de pé ardilosa, a ética é aquele silêncio sepulcral que vem depois de uma proposta imoral, rebatida com argumentos éticos que deslocam, ainda que por pouco tempo, o falso moralista a sair de sua zona de conforto.


A ética também vai alimentar, por vezes, um sentimento de vingança no pseudo moralista. Porque ele está tão acostumado a se perceber ou a perceber seu grupo como o centro do universo, que qualquer coisa que destoe dessa localização egocêntrica merece sua atenção no que tange uma reparação/retaliação.

A ética é a força que liberta os seres humanos dos grilhões da moral, que acorrenta entre si aqueles que nem percebem que estão presos pelos mesmos mecanismos que lhes impossibilitam de avançar através da justiça social. Ela imobiliza corpos e mentes com seus limites, enquanto a ética é liberdade, pautada no coletivo. A moral aprisiona, a ética liberta.

A moral é um alambrado, que delimita bastante seu espaço quando lhe convém, pois ele avança e retrocede seus domínios perante as conveniências. Ela usa arame farpado bem afiado para interagir com aqueles que estão de ambos os lados do cercado. Já a ética, é uma singela cerca, daquelas com correntes de plástico mesmo, que está ali mais para ser lembrada de que existem limites para a vida em sociedade, que deixa a cargo daqueles que por ela passam, a decisão de respeitá-la.


Talita Seniuk

Professora

linkedin.com/in/talita-seniuk-222823179

@talita_seniuk

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